quarta-feira, 21 de maio de 2008

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Entende-se por escopofilia o fetiche por imagens. A compulsão por olhar não é restrita apenas a um determinado grupo de pessoas, mas está presente em todos os indivíduos que compõem uma sociedade. Sem dúvida alguma, a sociedade do espetáculo e a própria era digital contribuíram para que as pessoas se tornassem cada vez mais dependentes dos prazeres visuais que as imagens proporcionam. Entretanto, as pessoas não se fascinam somente por belas imagens - muito pelo contrário. As imagens trágicas e dramáticas têm o poder de seduzir, se não mais, da mesma forma.



Um exemplo clássico são as fotos produzidas pelo fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, profissional reconhecido internacionalmente como um dos melhores fotógrafos contemporâneos. Sebastião especializou-se na produção da “fotografia engajada”. Suas fotos, de maneira extremamente realistas, reproduzem toda a miséria do ser humano, seja no que se refere à dor, ao sofrimento ou à própria pobreza. O curioso é que a indústria do dramático e trágico é rentável: as tragédias sociais fotografadas por Sebastião são admiradas como obras de arte e muitos desembolsam pequenas fortunas para tê-las na estante de casa. Um único livro do fotógrafo pode custar mais do que um salário mínimo. Seja pela tortura da guerra ou pela violência da miséria que atacam diariamente a vida de milhares de brasileiros, o pobre e o sofrido são belos no trabalho deste fotógrafo. Para suas personagens da vida real, que são usados nos retratos, restam apenas sofrimento e lamento.
A violência, aliás, é tema de fetiche de muitas pessoas. O cinema e o áudio-visual colocam espectadores como carrascos em filmes de terror. Para a escopofilia, pouco importa a imagem que satisfaz a curiosidade e o prazer. O importante é realizar o desejo. No terror, as pessoas têm contato com esfaqueamentos, desmembramentos, tortura, tiroteios e outras encenações e demonstrações de violência. Os filmes e outros tipos de comunicação visual satisfazem os pequenos cinemas que possuímos dentro de nossas cabeças e, conseqüentemente, deixa livre a imaginação dos indivíduos.
Por Jeniffer Villapando

Um comentário:

Márcio disse...

Muito bom!
Audiovisual moça...
Odeio Sebastião Salgado. Ele sim promoveu a cosmetização da pobreza.