segunda-feira, 31 de março de 2008

Televisão e entorpecimento





Na semana passada, a Rede Globo exibiu a final de um dos programas recordes de audiência na televisão brasileira, o Big Brother Brasil. Milhares de brasileiros dedicaram um momento de suas vidas para assistir a uma versão pós-moderna da encenação da vida humana e, dessa forma, ver seu próprio reflexo refletido na tela.


Dos meios de comunicação de massa existentes, a televisão é o que expressa de maneira mais eficaz a idéia de Mcluhan que defende que os meios de comunicação são extensões do homem e seus efeitos estão relacionados com a maneira como estes atuam sobre a percepção humana. A televisão entorpece os sentidos de seus telespectadores, já que se apresenta como uma extensão do homem, num material que não pertence a ele. A imagem fascina e mostra-se, segundo Macluhan, como um agente “produtor de acontecimento”, mas não “agente produtor de consciência”.


Quando ligamos a televisão durante o horário nobre, nos deparamos com programas cuja principal função é agradar e satisfazer o telespectador ao invés de suscitar reflexões críticas, ou então aguçar sua sensibilidade. As novelas, por exemplo, reproduzem estereótipos e expressam o modo de vida da elite dominante e, conseqüentemente, ocultam as verdadeiras condições sociais do país. Dessa forma, somos afastados de assuntos de interesse público e conduzidos ao universo do consumo desenfreado e da alienação.


Os noticiários de TV, por sua vez, na tentativa de oferecer-nos o mundo inteiro num instante, acabam por nos afastar da realidade concreta, da noção de tempo e espaço. Temos a sensação de que fomos informados sobre tudo, porém de nada sabemos.


Ao contemplar extensões de nós mesmos sob forma tecnológica, acabamos por adotá-la e incorporá-la em nosso cotidiano. Entretanto, assistimos a um reality show ou um telejornal para nos distrair, entorpecer e, dessa forma nos tornamos indiferentes, anestesiados e impossibilitados de fazer reflexões mais profundas sobre as questões que nos rodeiam.


Camila Silveira

2 comentários:

Carlos Gomes disse...

Minha querida Camila.
Você está certa em praticamente tudo o que disse sobre a TV. O problema é que esse "sonho de verão",de que todas as pessoas um dia irão tomar consciência de que estão sendo dopadas com esse lixo altamente viciante que chega por meio desse aparelho tão inofensivo como a TV, nunca vai se concretizar. Infelizmente o mundo foi e sempre vai ser assim, algumas poucas pessoas que tem o conhecimento na mão vai se sacrificar e tentar mudar a maneira como vemos o mundo. Só pra citar alguns exemplos:John Lennon,Martin Lutherking,Princesa Diane...eles fizeram esforços e vejam onde eles estão hoje. Pelos menos pra mim, esses esforços são de extrema valia e utilidade. Bjs.

Márcio disse...

Muito bem Camila!
LUZ!

Márcio Rodrigo